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Monólogo poético

Na porta da capela Numa rua de pedra Em Paracatu Ela acendia uma vela E entregava seu coração duro Em troca de um coração de carne Cheio de virtudes, amor e mansidão. E eu? Eu de tanto ver meu coração sangrar Esfaqueado pelo desprezo, Cravado de balas metralhadas pelos olhares mesquinhos queria dela, com toda ânsia e desejo da minha alma aquele coração de pedra. Um coração de pedra era tudo o que eu queria e precisava para sobreviver, para não falecer em hemorragia. Mas não tinha a tal vela, para fazer o pedido. Meu coração ingênuo sempre andava desprevenido Nunca tinha velas, nem barcos, ou ancoradouros Andava descalço, exposto às ventanias e às flechadas dos cupidos. Sua carne dilacerada sobrevivia sangrando, Minando artéria, alma e ventrículos. Queria propor uma troca. Mas como trocar com ela, se nem olhava pra mim? Nem imaginava que invejava nela Aquele coração impávido, de pedra polida Sem pontas, sangue ou cicatrizes. Nada! Apenas mineral, que ela q...

Versos

"Verso versátil que versa o avesso do eu perverso, em verbo pervertido pelos versos do universo que habito, ao avesso dos seus versos certos." Madalena Daltro.

Segunda-feira

Amanhã é segunda-feira para uns dia de recomeço milhares sairão cedo distribuirão currículos procurando emprego alguns irão otimistas, outros cansados, irão apáticos movidos pela esperança de quem quer trabalho. Amanhã é segunda-feira para outros dia de tortura milhares sairão cedo para o trabalho, é um martírio o baixo salário uma angústia suportar o chefe salafrário, a tudo suportam, pois a tudo sustentam da família ao erário. Amanhã é segunda-feira para alguns dia de alegria milhares sairão cedo será o primeiro dia no emprego. Como todos os dias e também na segunda-feira pessoas sairão com vida e com vida retornarão, infelizmente, outros não. Amanhã é segunda-feira pode ser a primeira a ser vivida como se fosse da vida, o último dia, tendo ou não um emprego amanhã é segunda-feira. Encare-a! Madalena Daltro

A Fita Métrica

"A fita métrica mediou minha medida pela medida de quem nem me viu. Ou ouviu, nem eu o vi! Ou ouvi dizer. Nem sei quem foi que deu medida, à fita métrica que me mediu. Assim sou medida pela medida da fita criada por quem não conheceu a minha medida." Madalena Daltro

Eu

"Eu faço coisas Indizíveis Eu digo coisas Impraticáveis Mas assumo as minhas Insanidades Eu como coisas Intragáveis Eu trago coisas Indispensáveis Sou gente, humano, homem, Mas somos Incomparáveis Eu tenho sonhos Impossíveis Eu sofro de Infidelidades Meu coração Interditado Vive na Impessoalidade. Eu tenho muita Incapacidade Eu existo na Invisibilidade Escrevendo palavras Impublicáveis Vivo como réu Indiciado. Mas assumo as minhas Indignidades." Madalena Daltro

Salta aos olhos...

"Salta aos olhos saltitantes aquela mulher sem salto. Solta ao vento, os cabelos soltos voam tranquilos, sem sobressaltos. Seu passo salta remexe o corpo livre. Solto da desconfiança dos assaltantes que assaltam a todo instante o sorriso solto nos lábios cintilantes." Madalena Daltro.