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Lagoa Rodrigo de Freitas




Foto fonte: http://www.respostassustentaveis.com.br/blog/na-lagoa-rodrigo-de-freitas-a-mare-esta-para-peixe-e-para-grandes-transformacoes/

Nasci na Lagoa,
bairro nobre carioca,
mas não se iluda,
nasci em maternidade pública...
Quando éramos adolescentes,
um amigo,
em homenagem às minhas longas pernas,
às vezes me chamava de garça ...
Isso, e muito mais, me faz amar
esse poema de Gullar...

Na Lagoa

"A cidade
debruçada sobre
seus afazeres surda
de rock
não sabe ainda
que a garça
voltou.

Faz pouco, longe
daqui entre aves
lacustres a notícia
correu: a Lagoa
Rodrigo de Freitas
está assim de tainhas!
- oba, vamos lá
dar o ar
de nossa graça,
disse a garça

e veio:

desceu
do céu azul
sobre uma pedra
do Aterro
a branca filha das lagoas

e está lá agora
real e implausível
como o poema
que o Gullar não consegue escrever."

Ferreira Gullar

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Eu vou até o sim

Vou ficar aqui para além do fim Depois que a vida me negar, a morte dará seu sim Depois do não sempre vem outro sim Na vida o tempo do sim é curto o tempo do não, sem fim. Depois do não da vida sempre virá outro sim Outrossim já que vim Eu vou até o sim. - Madalena Daltro autora@globomail.com https://www.facebook.com/madalenadaltro

Estou pouco me importando...

Pouco importa "Analfabeta que sou Não diferencio poema de poesia Rima de metonímia Rolha de vinho da cortiça de Portugal Mesmo assim, me chama a elegante e fina caneta e papel Transparente e firme Chama a caneta Com essa voz de canto de chuva ao cair no chão molhado, frio e lindo Que notas são? Em vão as notas, vão-se as notas... A voz feminina da caneta convida para uma festa Caneta fina, elegante, de voz firme, confiante O sangue marca o convite A marca da caneta pouco importa, se importa ou falsifica Ah! O convite, o vinho... Foi-se a rolha sem gosto, mais uma rolha, e outra, mais uma taça e outra... Com o gosto da rolha... Da rolha que partiu Se a rolha é da cortiça portuguesa, pouco importa se o vinho é do pobre ou da burguesa. Que tenha gosto de rolha! Se a rolha é da cortiça portuguesa, pouco importa a caneta, se de sangue tinto ou de tinta fresca."