Crônica à la Dª. Evani
“Zero Hora — E onde a senhora está?¹
Evani — Estou na BR-101. Graças a Deus estou bem, sou eu que dirijo. Mas não sei qual é a cidade. É um restaurante onde os ônibus param, perto de Garopaba. Vou tomar alguma coisa e dar uma descansada.”
A Dª Evani é daquelas mulheres de atitude invejável e muito bem antenada, mas você pode dizer: - ela não sabe a cidade em que está! Ora, isso não é problema dela. De norte a sul desse Brasil, passamos por muitos lugares onde, não vemos placas, nem mesmo um bendito cartaz, ou bilhete que seja; colado num poste de madeira indicando a cidade, e se for um povoado então, esquece.
Quando fui conhecer a Cidade de Goiás (Goiás Velho) aventurei-me pela rodovia Belém-Brasília sentido Belém, na margem direita apenas árvores, na margem esquerda árvores apenas, e raramente conseguia ver a placa que marcava o km da rodovia, por isso pensava; devo ter passado da entrada. Assim, quando avistava uma subida, lá a perder de vista, imaginava: ali do alto verei um posto de gasolina ou um borracheiro, não é possível! Lá chegando, nada, apenas o horizonte. No susto de estar perdida pensei ter saído da Belém-Brasília. Depois de muito rodar avistei um povoado, tinha uma quitanda, umas casinhas geminadas e um posto de gasolina sem nenhum nome, apenas as bombas e o borracheiro, foi ali mesmo que estacionei. O lugar parecia aquele cenário do filme Central do Brasil, onde Dora, personagem de Fernanda Montenegro, chora quando vê César, personagem de Othon Bastos, ir embora com seu caminhão levantando poeira.
Pois bem, ali, às margens da rodovia logo avistei um rapaz, bem apessoado, varrendo algumas folhas no chão de terra, ele usava uma daquelas vassouras sustentáveis feitas de ramos secos. Aproximei-me dizendo:
-Bom dia!
-Bom dia!
- Essa estrada é a Belém-Brasília?
- Não, essa estrada leva pro Pará, é só seguir nela toda vida.
- Ah! E a entrada para Goiás Velho, é mais adiante?
- Hum... (coçando a cabeça) não sei não senhora.
Costumo ter sempre um mapa, mas precisava me situar, saber onde eu estava, então, querendo encerrar a prosa perguntei:
-E que lugar é esse aqui que nós estamos?
- Aqui... Aqui eu não sei não.
- O Sr. não é daqui?
-Sou, mas aqui não tem nome não.
- Obrigada. (incrédula)
Resolvi seguir adiante até que uma placa surgisse no caminho, eis que surge a Cidade de Goiás, a terra da querida Cora Coralina.
O rapaz tinha razão. Já situada no mapa, vi que ali não tinha nome, apenas o número do km da rodovia, que lá, não via, e que a essa altura não me recordo mais qual era. Assim como a Dª. Evani, se me perguntarem respondo: - é a rodovia Belém-Brasília. “Mas não sei qual é a cidade”. É um lugar onde os carros param para abastecer, e fica perto da Cidade de Goiás. Vou abastecer o carro e seguir adiante, porque esse também é o nosso Brasil.
¹ http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/10/idosa-dada-como-desaparecida-estava-viajando-pelo-litoral-catarinense-4301744.html?utm_source=Redes%20Sociais&utm_medium=Hootsuite&utm_campaign=Hootsuite
“Zero Hora — E onde a senhora está?¹
Evani — Estou na BR-101. Graças a Deus estou bem, sou eu que dirijo. Mas não sei qual é a cidade. É um restaurante onde os ônibus param, perto de Garopaba. Vou tomar alguma coisa e dar uma descansada.”
A Dª Evani é daquelas mulheres de atitude invejável e muito bem antenada, mas você pode dizer: - ela não sabe a cidade em que está! Ora, isso não é problema dela. De norte a sul desse Brasil, passamos por muitos lugares onde, não vemos placas, nem mesmo um bendito cartaz, ou bilhete que seja; colado num poste de madeira indicando a cidade, e se for um povoado então, esquece.
Quando fui conhecer a Cidade de Goiás (Goiás Velho) aventurei-me pela rodovia Belém-Brasília sentido Belém, na margem direita apenas árvores, na margem esquerda árvores apenas, e raramente conseguia ver a placa que marcava o km da rodovia, por isso pensava; devo ter passado da entrada. Assim, quando avistava uma subida, lá a perder de vista, imaginava: ali do alto verei um posto de gasolina ou um borracheiro, não é possível! Lá chegando, nada, apenas o horizonte. No susto de estar perdida pensei ter saído da Belém-Brasília. Depois de muito rodar avistei um povoado, tinha uma quitanda, umas casinhas geminadas e um posto de gasolina sem nenhum nome, apenas as bombas e o borracheiro, foi ali mesmo que estacionei. O lugar parecia aquele cenário do filme Central do Brasil, onde Dora, personagem de Fernanda Montenegro, chora quando vê César, personagem de Othon Bastos, ir embora com seu caminhão levantando poeira.
Pois bem, ali, às margens da rodovia logo avistei um rapaz, bem apessoado, varrendo algumas folhas no chão de terra, ele usava uma daquelas vassouras sustentáveis feitas de ramos secos. Aproximei-me dizendo:
-Bom dia!
-Bom dia!
- Essa estrada é a Belém-Brasília?
- Não, essa estrada leva pro Pará, é só seguir nela toda vida.
- Ah! E a entrada para Goiás Velho, é mais adiante?
- Hum... (coçando a cabeça) não sei não senhora.
Costumo ter sempre um mapa, mas precisava me situar, saber onde eu estava, então, querendo encerrar a prosa perguntei:
-E que lugar é esse aqui que nós estamos?
- Aqui... Aqui eu não sei não.
- O Sr. não é daqui?
-Sou, mas aqui não tem nome não.
- Obrigada. (incrédula)
Resolvi seguir adiante até que uma placa surgisse no caminho, eis que surge a Cidade de Goiás, a terra da querida Cora Coralina.
O rapaz tinha razão. Já situada no mapa, vi que ali não tinha nome, apenas o número do km da rodovia, que lá, não via, e que a essa altura não me recordo mais qual era. Assim como a Dª. Evani, se me perguntarem respondo: - é a rodovia Belém-Brasília. “Mas não sei qual é a cidade”. É um lugar onde os carros param para abastecer, e fica perto da Cidade de Goiás. Vou abastecer o carro e seguir adiante, porque esse também é o nosso Brasil.
¹ http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/10/idosa-dada-como-desaparecida-estava-viajando-pelo-litoral-catarinense-4301744.html?utm_source=Redes%20Sociais&utm_medium=Hootsuite&utm_campaign=Hootsuite
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